Que o home office é uma novidade para a maioria das empresas, isso muita gente sabe. Grandes companhias, órgãos públicos, entidades: o trabalho remoto sequer era cogitado em boa parte desses espaços. Mesmo as pequenas empresas, geralmente mais dinâmicas e abertas às novidades, pareciam fugir desse sistema – cerca de 55% delas, segundo pesquisa recente da Gartner feita no Brasil, nunca haviam adotado a modalidade há até poucos meses.
Eis que surge o coronavírus. E, da noite para o dia, a realidade muda. Para muitos, foi como um sonho: trabalhar no conforto de casa, fugir do trânsito, flexibilizar horários. Mas, passados praticamente dois meses de isolamento, será que isso se sustenta?
Levantamento da consultoria Consumoteca revela uma insatisfação com o conceito de home office: em um universo de 2 mil profissionais, de diversos estados e gerações, cerca de 43% não deseja trabalhar em casa em tempo integral; para os mais jovens, o percentual é ainda maior: 73% querem retornar a um escritório.
Essa amostra escancara uma verdade: a transformação digital não é apenas sobre novas tecnologias. Ela é, isto sim, um novo paradigma para a dinâmica do trabalho e da entrega de valor de negócios.
Em outras palavras: baixar um aplicativo para calls ou contratar um software de gestão de tarefas é fácil; difícil é torná-los efetivos e incorporados à cultura das empresas.
Em meio à Covid-19, saiu na frente quem já havia se preparado antes. Na BriviaDez, por exemplo, já adotávamos há tempos o “modo nômade”: colaboradores espalhados ao redor do mundo, trabalhando por resultado e com todo o suporte tecnológico para ampliar a performance. Com a pandemia, o que era seguido por alguns entrou na versão full. E os resultados, tanto no feedback de clientes como dentro da própria equipe, são os melhores possíveis.
Compartilho algumas das nossas estratégias para fazer essa dinâmica funcionar:
- Tecnologia: migramos todos os sistemas e plataformas para a nuvem, permitindo seu acesso de qualquer local.
- Metodologia: implantamos modelos operacionais que focam na colaboração e permitem às pessoas trocar ideias, discutir e trabalhar em conjunto.
- Cultura: é o aspecto mais importante de todos. Desenvolvemos uma cultura orientada à mobilidade. Se em uma reunião temos dez pessoas e uma delas não está fisicamente presente, o encontro se torna remoto. Todos nos comportamos priorizando aquele que está distante.
Mas nunca é tarde para começar. Ainda que à força, essa crise nos trouxe uma oportunidade ímpar de acelerar a transformação digital. O gerúndio da frase “estamos nos preparando” precisa mudar. Sejamos mais assertivos: “Mudei hoje. E mudarei mais um pouco amanhã!”
E o que é essa mudança? Certa vez, o pai da administração moderna, Peter Drucker, disse: “O maior perigo em tempos de turbulência não é a turbulência em si; é agir com a lógica do passado”. Fazendo isso, estaremos prontos para o futuro – dentro de casa ou em um escritório.
Roberto Ribas - Chief Strategy Officer (CSO) da BriviaDez
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