As regras, definitivamente, mudaram: não é mais possível desenvolver o futuro dos negócios tomando como base suas antigas premissas. É necessário adquirir novos comportamentos e atitudes. E mais: entender que os pilares de valor são outros.
No meio de tantos desafios, como não perder o foco naquilo que é relevante? No que sustentar as iniciativas de longo prazo diante de tantas mudanças? A resposta não reside somente no mercado de atuação ou nos produtos e serviços oferecidos, ou ainda na forma como são produzidos. Tudo isso é importante, mas é pouco. Para entender o que pode gerar diferenciação e construir futuro, devemos ir mais fundo e questionar a própria existência da organização e o que ela agrega, de verdade, à vida das pessoas.
Neste novo momento, as empresas que estão superando os obstáculos e prosperando possuem um ponto em comum: propósito, com crenças bem estabelecidas. Conseguem responder à pergunta: por que sua organização existe? Tão importante quanto entender o novo contexto de transformação é desenvolver um propósito claro e verdadeiro. Ele deve direcionar o negócio, sendo seu principal catalisador de geração de valor. “As pessoas não compram o que você faz. As pessoas compram o porquê você faz”, afirma Simon Sinek. E, segundo Sherry Hakimi, uma organização sem propósito gerencia pessoas e recursos, enquanto aquela com propósito mobiliza pessoas e recursos.
Propósito não é apenas uma iniciativa do marketing. Trata-se de uma materialização criativa para construção de um storytelling envolvente. A definição e a concretização do propósito são temas prioritários do C-Level de uma organização. Isso porque constitui o principal pilar de crescimento e inspiração de todos os stakeholders envolvidos com a organização, devendo influenciar e estar presente em tudo que faz. Direciona as iniciativas do negócio, engaja os colaboradores, fazendo com que se conectem com seus clientes.
Vivemos em uma cultura de expectativas líquidas, na qual os consumidores estabelecem novos níveis de exigência a cada experiência significativa que vivem. Portanto, é necessário se renovar recorrentemente, com agilidade para se adaptar ao tempo e ao contexto das pessoas — e não o contrário. Na maioria dos casos, esses anseios não estão relacionados somente às características do produto ou serviço.
Pesquisa global feita com mais de 28 mil consumidores revela que 63% deles compram de empresas alinhadas com suas crenças, valores e ideais, e de alguma forma influenciam positivamente suas vidas. Segundo estudo da DoSomething Strategic, dois a cada três consumidores da geração Z têm sua percepção sobre uma empresa favorecida caso ela envolvimento com causas sociais — e 58% comprariam qualquer produto dela. Resumindo: as novas gerações querem estabelecer relacionamentos significativos com as marcas, buscando construir uma relação de lealdade e engajamento aos valores e ao propósito.
Nesse contexto de intensas mudanças, ter um propósito claro, conectado às pessoas e comprometido com os grandes temas da sociedade ajuda — e muito — na navegação pelo mar de complexidade da transformação digital. O desafio não é simples, mas é exatamente nesse rumo que devemos avançar.
Roberto Ribas - Chief Strategy Officer da BriviaDez