Para ilustrar os reflexos da pandemia na dinâmica dos negócios, recorro a Galileu Galilei, Isaac Newton e um velho conceito da mecânica clássica.
O matemático italiano realizou uma série de experimentos que, depois, foram confirmados e se tornaram uma das três leis do físico inglês: o princípio da inércia. Aos que se esqueceram das aulas da sexta ou sétima série — “um objeto que está em repouso ficará em repouso a não ser que uma força resultante não nula aja sobre ele”.
Mas o que o coronavírus tem a ver com isso? Ora, assim como a doença se espalhou pelo mundo, suas consequências foram a força externa que rompeu com a inércia do “velho normal”. E, por consequência, empurraram empresas e profissionais para um novo mundo.
Mesmo no caso da BriviaDez — uma agência nativamente digital —, fomos impactados. E por diversos aspectos: de estrutura física, de alocação de capital humano, de perspectiva de futuro. Talvez o maior legado disso tudo é que reafirmamos nossa capacidade de rápida adaptação. É isso o que nos move para frente.
Das noites mal dormidas no início do isolamento social, passei ao alívio de ver um time cada vez mais coeso e produtivo — mesmo estando 100% atuando remotamente. Esse paradigma de um escritório no formato clássico, com uma posição para cada pessoa, já não era seguido pela agência antes da pandemia. Agora, a mudança confirmou nossa crença do que isso representa em termos de eficiência no uso de recursos. Fica a certeza: podemos trabalhar com pessoas de qualquer lugar do mundo, moldando-se em times multidisciplinares, de acordo com a necessidade dos clientes. Tudo isso em uma velocidade singular.
E por falar em cliente: passado mais de meio ano do início da pandemia, acompanhamos uma adaptação gigantesca — e, ao nosso ver, permanente — de diversas cadeias de valor. Novos hábitos foram incorporados à jornada de consumo da população. E isso gerou uma pressão em toda a economia, dos grandes players aos pequenos varejistas. Da compra física ao e-commerce, da logística à segurança no uso de dados: mesmo com um provável arrefecimento do contágio do vírus, tudo isso será impactado daqui para frente.
Por mais que a experiência de uma pandemia traga aspectos tão negativos — tanto na economia como, sobretudo, nas vidas perdidas —, é possível vislumbrar o futuro com certo grau de otimismo. Aprendemos a ser mais eficientes no uso de recursos; incorporamos novos conceitos de tecnologia; criamos uma relação maior de proximidade e conexão com o consumidor. Enfim: em meio a tantos desafios, a economia recebeu um legado de transformação. E, tal qual no princípio da inércia, tende agora a não parar mais em seu caminho de aprendizado e evolução.
Publicado originalmente em 09/10/2020 no Acontecendo Aqui