Empresas de tecnologia se tornarão bancos

Fabiano Nadler apresenta o case do SberBank, um banco russo que entendeu que o seu grande valor não está no produto financeiro Estamos acostumados a ouvir sobre o movimento das grandes companhias de tecnologia entrando no mercado de soluções financeiras — como Apple, Google e Amazon — e o impacto que isso pode trazer às […]

Por Fabiano Nadler
Publicado em 26/01/2022

Fabiano Nadler apresenta o case do SberBank, um banco russo que entendeu que o seu grande valor não está no produto financeiro

Estamos acostumados a ouvir sobre o movimento das grandes companhias de tecnologia entrando no mercado de soluções financeiras — como Apple, Google e Amazon — e o impacto que isso pode trazer às instituições financeiras. Mas, e se o contrário acontecesse? E se uma empresa de serviços financeiros virasse uma big tech? Um banco russo está indo nesse caminho.

Vendo os conteúdos apresentados no Web Summit de 2021, um aspecto ficou claro: a preocupação do mercado de fintechs e, também, das instituições financeiras tradicionais de utilizar a tecnologia para aproximar os serviços das necessidades das pessoas. Parece haver uma consciência de que o serviço financeiro entrega como grande valor o acesso — a bens, serviços, sonhos e objetivos de vida. E isso se dá de diferentes formas, oferecendo possibilidades de melhores lugares para morar, viajar e estudar, por exemplo.

Essa tendência ganha mais velocidade com o open banking, permitindo que os serviços sejam entregues por organizações que não são instituições financeiras. Esse movimento está sendo conduzido por empresas de tecnologia, como a britânica Railsbank. Ela utiliza o conceito de embedded finance, que possibilita que qualquer empresa consiga incorporar serviços financeiros às jornadas de compra de seus clientes de forma rápida e fácil, oferecendo soluções além do tradicional pagamento.

No entanto, o grande destaque do evento foi a apresentação do SberBank. Um banco russo com mais de 180 anos, mas que hoje é muito mais uma empresa de tecnologia do que uma instituição financeira. A empresa criou um ecossistema de produtos e serviços que é conectado aos serviços financeiros, mas que está focado nas necessidades das pessoas — e não no serviço financeiro. 

O SberBank efetivamente coloca o cliente no centro, e o serviço financeiro é utilizado de forma mais natural e transparente, facilitando o acesso. A base de tudo está na sua tecnologia própria de voice assistant chamada Salute. Ela conecta com os diferentes produtos e serviços, que incluem streaming de vídeos, serviços de mobilidade com carros autônomos, entrega de comida, cloud computing e e-commerce. Essa integração permite que você peça para comprar o óculos que um ator está utilizando em um filme — solução viabilizada por um potente sistema de reconhecimento de objetivos em vídeos.

Um ponto vital para o sucesso desse modelo é que a plataforma do banco russo é aberta para desenvolvedores. Isso permite que eles desenvolvam suas próprias aplicações e serviços em cima do ecossistema, fazendo a instituição escalar de forma muito mais rápida do que seria capaz de fazer sozinha.

O SberBank entendeu que o seu grande valor não está no produto financeiro. Mas, sim, em entender o contexto dos clientes e em que momentos da sua jornada eles precisam de serviços financeiros para atender suas necessidades. E aqui temos a grande virada de chave do mercado. É algo que pode ser feito tanto por uma empresa de tecnologia como por uma instituição financeira. A resposta estará em quem conseguirá entender melhor a expectativa dos seus clientes para atendê-los da forma mais simples e intuitiva possível.