Para quem vive o dia a dia da tecnologia, é notório o enorme déficit na formação de profissionais aptos para esse universo
Porto Alegre entrou definitivamente na rota global dos megaeventos de inovação. Além do recente anúncio da South Summit para o próximo ano, a capital é candidata a sede da Web Summit na América Latina, em 2023. São conquistas simbólicas que coroam diversos movimentos, tanto na iniciativa privada como do setor público, que tangenciam a tecnologia, a criatividade e a inovação — e que, agora, estão sendo reconhecidos mundialmente.
Tudo isso provoca uma grande vibração na economia local: do turismo de negócios à revitalização e o uso de espaços públicos, passando pela ampliação no número de visitantes tanto na cidade como no restante da região. O principal ganho, no entanto, não é necessariamente físico: falo da abertura de possibilidades que a transformação digital traz para a formação e o emprego de milhares de pessoas.
Para quem vive o dia a dia da tecnologia, é notório o enorme déficit na formação de profissionais aptos para esse universo. Só no Brasil, a diferença entre a oferta de gente e a demanda de vagas deve alcançar 420 mil nos próximos três anos. Por outro lado, nosso país tem uma taxa de desemprego de dois dígitos desde meados da década passada. Há um contingente de pessoas criativas, resilientes, comunicativas, curiosas — mas que simplesmente não encontram espaço no mercado de trabalho. Da mesma forma, negócios estão com o freio-de-mão puxado por não conseguir trabalhadores especializados em tecnologia.
Nesse apagão da mão de obra, vejo que os movimentos conjuntos do setor público e da iniciativa privada podem servir como um norte. Parcerias e associações estão transformando cidades, mudando a mentalidade de negócios e criando polos de inovação. É momento também de investir forte na formação de talentos — fazendo daqui um celeiro de novos desenvolvedores, programadores, designers, cientistas, analistas e demais funções do universo tech. Com as possibilidades de trabalho remoto, não é difícil imaginar programas de formação capacitando profissionais para atuarem daqui para todo o mundo. A hora é agora: do apagão, podemos vir com uma luz e aproveitar essa oportunidade única.
Artigo publicado originalmente em ZeroHora